sábado, 12 de julho de 2014

Mais poesia no Campeche

























Por Bianca Velloso

Não, não é fácil abrir espaço para a poesia. O mundo te cobra força e a poesia te desarma. O sistema te exige indiferença e a poesia te conecta com as dores e as alegrias do outro. O mundo determina que sejas constante e a poesia te oferece inúmeras possibilidades de ser inconstante. O sistema te ensina a ignorar e a poesia te ensina a perceber. O dia a dia te consome e estrangula a possibilidade da existência da poesia. Mas a poesia resiste, ela não é regida pelas leis do mundo. Nem do sistema.

Nos cantos mais improváveis a gente descobre que ainda há espaço para a poesia.

Assim também aqui no Campeche. Estamos completando um ano de Quinta Poética. Mensalmente, agora em toda segunda-quinta feira do mês, nos encontramos para dizer poesia. E neste cantinho, no sul da Ilha de Santa Catarina, a poesia renitente sai dos livros e brinca na voz e no olhar das pessoas. No início éramos poucos, e todos moradores do bairro. Agora vem gente de toda grande Florianópolis.

Aí estão as fotos da XII Quinta Poética, que aconteceu na quinta-feira, 10 de julho de 2014, numa noite fria de inverno, mas com muito calor humano. E desde já estão todos convidados para a XIII Quinta Poética, no dia 14 de agosto. Não precisa saber escrever versos, é só gostar de poesia. 

domingo, 23 de março de 2014

Um eco poético no Campeche








Por elaine tavares

Na Rádio Campeche o outono chegou com poesia. No dia 22 de março aconteceu o Primeiro Ecopoético, um adorável ajuntamento de pessoas e poemas. A ideia era celebrar o equinócio com aquilo que é o melhor alimento para o espírito humano: poesia. Foi armado um palco embaixo das árvores, com microfone aberto para quem quisesse dizer a palavra que lhe queima o peito. E os poetas foram chegando, na tarde que já prenunciava a mudança de tempo, típica da virada da estação.  Vieram como seus poemas, uns silenciosos, outros buliçosos, outros ferventes de paixão, uns delicados como cristais, outros carregados de dor, uns miudinhos, outros largos. Foi um caldeirão de gentes e de palavras bem-ditas, acompanhado de abraços, beijos, olhares, silêncios, risadas.

E quando aqueles poemas, juntados desde os mais diversos lugares do Brasil, começaram a se dizer, o vento sul – nosso poema maior – baixou com vontade, levantando a saia das moças, desfazendo os cabelos, espalhando as folhas outonadas pela chão. Um bailado de bruxas acompanhou o revirar das coisas, colocando no Ecopoético a marca dessa cidade tão linda, herança dos Guarani que a chamaram de Miembipe em tempos tão distantes. E, com o vento sul,  veio o canto da senzala, o cheiro mineiro do pandiqueij, o sotaque gaucho, o chiadinho manezês, o espanhol da Costa Rica, o negrume do carvão, as canções daqui e de alhures, o som do sax, o violão, quimeras, araras, araucárias, fotógrafas, fotógrafos, contadores de história, contistas, crianças, curiosos.

Então, na tarde, de frio e vento, a poesia ecoou, embalando cada coração. Poemas de luta, eróticos, de amor, poemas antigos, novinhos em folha, inventados na hora. E os poetas foram se conhecendo, se tocando, sentindo a emoção do encontro real, da vida pulsante. Muitos deles haviam se conhecido apenas no mundo virtual, internético e, agora, amalgamavam amizades e sentimentos. A noite chegou bem de mansinho, encantada com os poemas e o encontro foi se desfazendo, “despacito”, já eivado de saudade.
Os responsáveis pela arrumação, Glauco Marques e Bianca Velloso, eram só sorrisos. Tudo correra como tinha de ser. Até o vento e as bruxas, convidados de honra, entoaram seus cantos de amor. Agora eles começam outro momento do Ecopoético. Vem a hora de juntar as palavras que ressoaram na tarde, fazer com elas um livro de belezas, e preparar o segundo encontro de poemas e poetas. Porque naquela tarde de ventusuli, foi tecida uma rede, tal qual a tarrafa que pega o peixe no mar. Pessoas se encontraram, corações se reconheceram, almas se costuraram.


Da praia do Campeche  a rede vai se espalhar, pescar outros poetas, amealhar outras palavras e poemas. E retornar, num outro outono, ou na primavera, ou no inverno, ou no verão... Não importa a estação. Em outubro, logo ali, quando o verão começa a acenar, Novo Hamburgo chamará os poetas... E eles, e elas, irão!






domingo, 16 de março de 2014

Um poema no ar - Líria Porto

Bianca Velloso lê Líria Porto


Um poema no ar - Manoel de Barros

Elaine Tavares lê poema de Manoel de Barros.


Um poema no ar - Nádia Abreu

Iniciamos aqui uma série de leitura de poemas de poetas brasileiros, latino-americanos e de todos os demais cantos desse mundo... Nesse vídeo, Bianca Velloso lê Nádia Abreu.

Primeiro Ecopoético no Campeche

Nascido da experiência da Quinta poética, realiza-se no Campeche o primeiro festival de poetas, reunindo gente de todo o país. Bianca Velloso é a organizadora.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A poesia segue caminhando











O grupo da Quinta Poética, ação cultural que visa disseminar a poesia pela cidade, cresce a cada edição. A proposta começou bem tímida, com poucos participantes, mas, aos poucos, os poetas vão descobrindo que existe um lugar onde a poesia pode se expressar livremente. E, assim, vão chegando. Pela noite do Campeche, ecoa então a palavra, essa palavra criadora, que diz da vida, do amor, do sonho, da ternura e da dor.

Falam os poetas consagrados, falam os desconhecidos, os amigos, falam as gentes que não tem onde se dizer. E a poesia vai fazendo morada no coração de todos.

Na quinta edição, novos companheiros vieram e a força da poesia foi tão forte que as pessoas que haviam chegado no bar para um vinho se encantaram. E das mesas começaram a se levantar aqueles que sentiram necessidade de também libertar a palavra presa na garganta. "Fiquei encantada com esse momento. Foi uma surpresa", repetia a mulher que, animada, também leu alguns poemas. "É sensacional", repetia o homem que saiu do seu canto e foi dizer uma letra de música.

Até mesmo o Biga, que é o dono do bar Pratos e Papos, onde acontece a Quinta Poética se emocionou com a palavra e decidiu escrever poemas na parede da casa. Inauguramos assim, o branco das paredes, que agora fala de amor.


A Quinta Poética acontece toda a primeira quinta-feira do mês, no Pratos e Papos, do Campeche. Poetas, correi! É chegada a hora da libertação da palavra.